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08/09/2025
O contato com a internet começa cada vez mais cedo. Dispositivos como celulares, tablets e smart TVs fazem parte da rotina de muitas crianças desde os primeiros anos de vida. Embora ofereça conteúdos educativos e possibilidades de interação positiva, o ambiente online também expõe os pequenos a riscos que podem comprometer seu bem-estar emocional, social e até físico. Por isso, estabelecer regras e acompanhamento constante é fundamental para que a tecnologia seja usada de forma saudável.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 revelou que 93% dos brasileiros entre 9 e 17 anos já usam a internet, e 83% possuem perfis em redes sociais — muitas vezes antes da idade mínima permitida pelas plataformas. Essa presença precoce pode expor crianças a conteúdos inadequados, interações com desconhecidos e práticas nocivas como cyberbullying e aliciamento online.
Os efeitos do uso excessivo e descontrolado vão além da esfera virtual. Dificuldades de concentração, distúrbios do sono, irritabilidade e redução da interação social presencial são queixas cada vez mais comuns entre pais e professores. O tempo prolongado diante de telas também pode contribuir para sedentarismo e hábitos de vida menos saudáveis.
Além dos impactos comportamentais, existe o risco da chamada “pegada digital” — todo o rastro de informações que a criança deixa online. Comentários, fotos e publicações podem permanecer acessíveis por anos e afetar sua reputação no futuro.
Controlar a internet não significa apenas bloquear sites ou restringir horários, mas ensinar as crianças a utilizá-la com responsabilidade. O diálogo é a base desse processo. É essencial que os pais conversem sobre o que os filhos assistem, com quem interagem e quais conteúdos compartilham. Essa abertura estimula a confiança, permitindo que a criança relate situações estranhas ou constrangedoras.
Estabelecer regras claras de uso é outro passo importante: definir horários para acesso, restringir conteúdos inapropriados e proibir o compartilhamento de dados pessoais. Sempre que possível, os dispositivos devem ser usados em áreas comuns da casa, onde a supervisão é mais natural.
O exemplo dos adultos tem grande peso. Se os pais passam horas no celular, interrompem conversas para checar mensagens ou publicam fotos dos filhos sem pensar na privacidade, a criança tende a reproduzir comportamentos semelhantes. “O controle saudável da internet começa pelo comportamento dos adultos, que precisam mostrar, na prática, como usar a tecnologia de forma equilibrada”, destaca Derval Fagundes de Oliveira, diretor do Colégio Anglo Salto. Essa postura ensina mais do que qualquer regra imposta verbalmente.
Ferramentas de controle parental podem ajudar no monitoramento. Recursos como Google Family Link, Qustodio ou configurações nativas de Android e iOS permitem limitar tempo de uso, filtrar conteúdos e acompanhar atividades online. Esses mecanismos devem complementar — e não substituir — o acompanhamento próximo.
O desenvolvimento de competências digitais seguras também passa pela escola. Professores podem orientar sobre ética online, direitos autorais, identificação de notícias falsas e formas de prevenir o cyberbullying. Quando o tema é abordado de maneira prática, com exemplos e discussões, as crianças aprendem a reconhecer riscos e a agir de forma responsável no ambiente virtual.
A parceria entre família e escola é decisiva. A troca de informações sobre comportamentos observados em casa e na sala de aula ajuda a identificar possíveis problemas rapidamente. Se um aluno demonstra queda no rendimento ou mudanças bruscas de comportamento, pode ser um sinal de que algo na vida digital está interferindo em sua rotina.
Também é válido incentivar o uso da internet para atividades produtivas, como pesquisas escolares, projetos criativos e comunicação com colegas para trabalhos em grupo. Essa abordagem mostra que a rede pode ser uma ferramenta positiva quando utilizada com propósito.
Quanto antes a criança compreender que existem regras para o uso da internet, mais natural será sua adesão. Para os mais novos, recomenda-se que o tempo de tela seja reduzido e sempre supervisionado. Conforme crescem, é possível ampliar gradualmente a liberdade, junto com conversas sobre privacidade, respeito e consequências das ações online.
Ignorar a necessidade de estabelecer limites pode facilitar o desenvolvimento de dependência digital e tornar a criança mais vulnerável a contatos perigosos ou conteúdos nocivos. O ideal é criar uma rotina que equilibre atividades virtuais e presenciais, incentivando esportes, brincadeiras ao ar livre e convivência com amigos e familiares.
A liberdade com responsabilidade deve ser o objetivo final. Ao aprender a tomar decisões conscientes no ambiente online, a criança se prepara para lidar com a tecnologia de forma autônoma e segura na adolescência e vida adulta.
Para saber mais sobre internet, visite https://www.unicef.org/brazil/como-garantir-seguranca-do-seu-filho-online e https://blog.portoseguro.com.br/dicas-para-seu-filho-navegar-pela-internet-com-seguranca